Confirmada a apresentação da banda Violator no III Abril True Metal, dia 30 de abril, iniciei a leitura de entrevistas e releases para conhecer melhor o trabalho dos caras. Nessa pesquisa, acabei descobrindo uma postura diferente das demais bandas, baseada na defesa do "faça-você-mesmo" (DIY - Do It Yourself), que estimula a articulação e produção independente dentro no cenário metal, com uma visão politizada e crítica.
É sobre essa postura diferencial que trata a primeira parte de um bate papo muito interessante em que Poney, baixista e vocalista, nos apresenta o Violator aque há além da sonoridade visceral da banda.
Metal Acre: Primeiro, a postura da banda diferencia das demais do cenário, da visão de procurar o apoio de uma grande gravadora e tem um conceito político que vai além das letras. Qual é o projeto do Violator como banda?
Poney: Então, podemos começar. Primeiro, deixa eu agradecer por essa entrevista e pelo interesse. Creio que essa é a primeira entrevista que respondemos para o estado do Acre e para nós é um prazer incrível manter contato e conhecer pessoas com a produção underground. Bem, fico feliz em saber que as pessoas tem enxergado o Violator dessa maneira diferente que você descreveu. Realmente, boas partes das bandas sonha em conseguir um contrato com e virarem grandes "estrelas do rock" (hehe). Para essas bandas, o underground é apenas mais um degrau que você deve pisar e sair. Essa definitivamente não é a visão do Violator.
Nós abominamos qualquer tipo de estrelismo, eu acho que esse tipo de postura é o que pode haver de mais prejudicial para a cena, e realmente nos sentimos muito a vontade produzindo de maneira DIY (do-it-yourself) nesse subterrâneo que é o underground.Claro que existem muitas dificuldades, mas é um dos poucos espaços nesse mundo em que as coisas não são ditadas pela grana, o que nos permite ser um pouco mais livres.
Depois de dizer isso tudo, só posso dizer que o projeto do Violator como banda, apesar de todas as coisas legais que já fizemos é o mesmo de todos os moleques que um dia se juntaram na garagem de casa pra fazer barulho, tocar, se divertir e estar junto. É simples, mas é isso.
Metal Acre: Essa idéia é muito interessante e tem a ver com o que o cenário metal acreano tem feito. Inclusive o III Abril True Metal é um evento no estilo DIY, mas ainda não tão organizado conceitualmente. Vocês já fazem parte disso como um Movimento, que é o Coletivo Caga Sangue Thrash. O que vocês podem passar como experiência para o nosso cenário?
Poney: Fico feliz em ouvir que as coisas por aí estão se articulando dessa maneira. Acho que é um dos grandes aprendizados para a cena metal no Brasil. Aqui a gente ainda tem muito esse deslumbre, de fazer as coisas muito grandiosas, como se tivessemos colocando as bandas em um altar. Isso só prejudica o funcionamento do underground.
Não se temos necessariamente alguma experiência a passar, talvez fosse um pouco pretensioso da minha parte querer dar algum tipo de ensinamento, não se trata disso. O que eu sei é que podemos fazer as coisas de maneira simples. No final das contas a cena é uma grande rede de amizade e não precisamos de heróis, ídolos, deuses ou qualquer coisa desse tipo na nossa cena. Precisamos é de gente envolvida, produzindo junto, de igual para igual.
Em boa parte das entrevistas com bandas eu sempre vejo perguntas sobre a falta de apoio. As pessoas parecem que acreditam que teríamos que ter grandes estruturas por trás das bandas e das produções para que as coisas acontecessem.
Metal Acre: Sim, falo da experiência no sentido de já ter uma idéia consistente sobre a realidade da cena, "do underground como uma rede subterrânea de produção e troca de conteúdos de contra e subculturas*" e não uma mercadologia (*trecho de uma entrevista sua para o site Metal Clube). Isso é muito interessante e positivo a se incentivar.
Poney: Bacana. Essa é exatamente a minha definição. E se você ver as coisas dessa forma, todos somos pessoas de igual importância para que a cena exista: as pessoas que vão aos shows, que organizam os shows, que tocam em bandas, que fazem zines...
Assim a gente acaba com a separação entre banda e público e vemos todo mundo como parte de uma mesma comunidade. Não apenas "produtores"e "consumidores".
A segunda parte do papo será postado próxima publicação. Quem quiser adiantar e ver a entrevista na íntegra, o arquivo print está disponível na imagem do início do post, é só ler!
E aproveitando o incentivo à postura do faça-você-mesmo, o panfleto do III Abril True Metal também está disponível no início desse post, faça parte da produção do evento divulgando o arquivo digital ou impresso aos seus contatos.
Outras formas de ajudar, saiba aqui. Por Mayara Montenegro
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